segunda-feira, 12 de julho de 2010

Espanha bate Holanda, vence Copa inédita e fica no topo até 2014


Com vitória por 1 a 0 na prorrogação da final mais violenta da história, espanhóis ingressam na elite do futebol mundial.

A Espanha trocou de clube. Não foi por meio do desempenho que todos esperavam, mas a vitória por 1 a 0 contra a Holanda na prorrogação, neste domingo, no Soccer City, valeu a conquista de sua primeira Copa do Mundo, que, entre outros benefícios, permite à seleção deixar para trás o rótulo de time "amarelão", que fracassa em momentos decisivos. Enfim responde pelo apelido de "Fúria" que carrega desde o início do século passado sem correr o risco de ser ironizada por atletas, jornalistas e torcedores rivais.

Celebrada pelo seu jogo altamente técnico, a Espanha venceu a final mais violenta da história. Foram distribuídos 13 cartões amarelos e um vermelho pelo árbitro inglês Howard Webb, criticado já no intervalo pela imprensa internacional pela sua complacência com o jogo duro, principalmente dos holandeses.



Agora, a seleção espanhola vai à próxima Copa, em 2014, disputada no Brasil, em situação ímpar. Chegará ao "país do futebol" com grandes chances de bicampeonato, já que a média de idade da atual base - 26 anos - permite mais um Mundial. Além disso, essa equipe confirma uma supremacia rara na história do futebol.

A Espanha é a segunda seleção, ao lado da Alemanha campeã mundial em 1974, a confirmar na Copa sua supremacia continental. Nenhum outro europeu fez o mesmo, enquanto Uruguai, Argentina e Brasil, os campeões sul-americanos da Copa, nunca venceram o Mundial seguinte às suas conquistas na América.



E seja qual fosse o resultado em Joanesburgo, a Copa da África já teria mudado a geopolítica dos campeões mundiais. Além do ineditismo do primeiro Mundial em solo africano, o torneio de 2010 premia também um campeão inédito. Agora, são oito as nações que ostentam o título de campeão mundial de futebol: Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, Uruguai, Inglaterra, França e, por fim, Espanha.

A Espanha era também o único dos grandes centros do futebol que até hoje sequer havia ficado no pódio da Copa do Mundo. Sua melhor colocação havia sido o quarto lugar em 1950, no Brasil. Inglaterra, Itália, França, Portugal e Alemanha, países que junto dos espanhois possuem as principais ligas do mundo, já haviam conquistado títulos, vice-campeonato e ao menos um terceiro lugar em Copas. A Espanha, não. Aos holandeses, resta o gosto amargo de sua terceira final de Copa perdida.



Mas, se tratando de futebol, frustrante foi pouco para a decisão. No lugar de dribles dos holandeses ou rápidas trocas de passes dos espanhois, o que um insatisfeito Soccer City assistiu foi um jogo faltoso ao extremo. Após breve pressão espanhola nos minutos iniciais, principalmente com Sérgio Ramos, o jogo descambou para uma sucessão de cartões amarelo aplicados por Howard Webb.

Uma sucessão de faltas duras - Van Persie em Capdevilla, Puyol em Robben, Van Bommel em Iniesta e Sérgio Ramos em Kuyt - provocou uma avalanche de cartões amarelos para os jogadores faltosos, e protestos do banco de reservas, principalmente o espanhol, pedindo mais rigor do árbitro inglês. O lance do sexto cartão amarelo escancarou a violência da final. Num autêntico golpe de kung fu, De Jong colocou Xabi Alonso no chão por vários minutos. Webb puniu o holandês apenas com mais um cartão amarelo.



Os criativos da decisão não conseguiam brilhar. Após o sufoco que levou no início, a Holanda acertou seu posicionamento defensivo e neutralizou o trio Iniesta, Xavi e Pedro, que tinham a missão de municiar o artilheiro David Villa. Do lado holandês, o ponta Kuyt se preocupava mais em ajudar Van Bronckhorst a conter as subidas de Sérgio Ramos, enquanto a dupla Sneijder e Robben era neutralizada pela lado direito da defesa espanhola.

O início do segundo tempo seguiu, literalmente, na mesma pegada. Os holandeses tentavam algo com Robben e seguravam atrás como podiam. O resultado disso foi mais um cartão amarelo, desta vez para Van Bronckhorst. Minutos depois, foi a vez de Heitinga receber o cartão dele por entrada dura em David Villa. Até o fim do tempo normal, Heitinga e Capdevilla também seriam punidos por jogo violento.



Apesar do melhor jogo espanhol, a principal chance de gol foi perdida por Robben aos 18 minutos. Sneijder ganhou dividida e lançou o atacante. Pique não conseguiu cortar e sobrou para Casillas, mesmo deslocado, defender com o pé a conclusão do holandês. David Villa deu o troco em gol perdido aos 24 minutos, quando não aproveitou falha de Heitinga em cruzamento da direita e, mesmo sozinho, teve seu chute desviado por Stekelenburg.

O rigor na marcação não era mais o mesmo, e a Espanha voltou a pressionar pelo lado direito do seu ataque. Em escanteio ocasionado numa dessas jogadas, Sérgio Ramos subiu livre para o cabeceio, mas mandou sobre o travessão holandês.



Aos 38 minutos, a última grande chance. Novamente com Robben, que ganhou na velocidade de Puyol e invadiu a área. Casillas saiu nos pés do holandês e faz nova boa defesa. Robben reclamou falta no lance e, pela intensidade do protesto, ganhou cartão amarelo. O jogo terminou 0 a 0 e foi para a prorrogação, a segunda final seguida que terminou empatada no tempo regulamentar e a terceira desde 1994.

O jogo continuou tenso no pós-jogo, mas a Espanha tentava mais o gol do que a Holanda, que parecia satisfeita em levar a decisão para os pênaltis. No intervalo, Vicente Del Bosque sacou o artilheiro Villa e colocou Fernando Torres, decepção até aquele momento na Copa do Mundo.



No comecinho da segunda etapa Heiting fez falta em Iniesta, na entrada da área, e recebeu o cartão vermelho. Mesmo com um homem a mais, a Espanha esbarrava na marcação, até os dez minutos do segundo tempo, quando Iniesta recebeu ótimo passe de Fábregas dentro da área e chutou forte, cruzado. O gol do título histórico. O gol que coloca a Espanha no degrau mais alto do futebol mundial.

Via IG


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